ARECACEAE

Geonoma gamiova Barb.Rodr.

Como citar:

Pablo Viany Prieto; Tainan Messina. 2012. Geonoma gamiova (ARECACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

225.379,988 Km2

AOO:

432,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

A espécie é endêmica do Brasil, de ocorrência em Mata Atlântica, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Leitman, et al., 2012). De acordo com Valente (2009) a espécie ocorre a até 800 m, raramente a 1.300 m.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2012
Avaliador: Pablo Viany Prieto
Revisor: Tainan Messina
Categoria: LC
Justificativa:

<i>Geonoma gamiova</i> apresenta distribuição ampla ao longo da costa Atlântica, é localmente abundante e está representada em diversas unidades de conservação (SNUC).

Perfil da espécie:

Obra princeps:

G. gamiova pode ser diferenciada pela morfologia de suas folhas, por seus ramos florais e fruto ovóides e pontudos (Henderson et al., 1997 apud Valente, 2009). A espécie é conhecida popularmente como "gamiova", "guaricanga-de-folha-larga", "palheira-de-folha-larga", "ouricana-de-folha-larga", "aricana-de-folha-larga" e "uricana-de-folha-larga" (Neves, 2009).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Sim
Detalhes: O preço intermediário da venda das folhas (correspondente a 1000 folhas) é de R$20,00 a R$25,00 (Valente, 2009).

População:

Flutuação extrema: Sim
Detalhes: Siminski et al. (2004) encontraram 41 indivíduos da espécie em 600m² de área de mata secundária, no município de São Pedro de Alcântara, litoral de Santa Catarina. Bastos Neto e Fisch (2007) observaram maior concentração de indivíduos da espécie em mata natural na Serra do Mar. O estudo foi realizado em áreas que sofreram deslizamento um ano antes. As parcelas foram em cotas altitudinais e posicionadas em borda e interior de mata. A densidade encontrada por eles foi de 150ind/ha de plântula, 300ind/ha de jovens e 50ind/ha de adultos em mata secundária e 250ind/ha, 3050ind/ha de jovens e 1300ind/ha de adultos em mata natural. Cappelatti (2009) amostrou 139 plâtulas, 42 jovens e 21 indivíduos adultos da espécie em 2500m² de área de um fragmento localizado no município de Três Cachoeiras, no Rio Grande do Sul. Como a espécie também pode ser encontrada em touceiras, a autora amostrou também as rametas, que contabilizaram um total de 226. Valente (2009) estimou 6.578 touceiras da espécie por hectare na área da comunidade de Rasgadinho no município de Guaratuba, Paraná, sendo 27% jovens e 67% plântulas. Assim sendo, foram contabilizados, 49 adultos reprodutivos, 136 adultos não reprodutivos, 894 jovens e 2210 plântulas em 0,5ha de área.

Ecologia:

Biomas: Mata Atlântica
Fitofisionomia: Floresta Ombrófila Densa (Silva; Perelló, 2010).
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland, 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane
Detalhes: Espécie não pioneira, esciófila, perenifolia, de solos úmidos e férteis, com floração de abril a novembro e frutificação de janeiro a fevereiro (Silva; Perelló, 2010). Possui caule simples de até 4m de altura e 4cm de diâmetro, podendo ocorrer touceiras (Cappelatti, 2009). Palmeira de subosque, apresentando vasta e expressiva dispersão na Floresta Atlântica (Valente, 2009).

Ameaças (5):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
A área onde o estudo de Siminski et al. (2004), foi conduzido era característica de floresta ombrófila densa, tendo sofrido exploração mais intensiva na década de 50 e atualmente se encontra predominantemente num estádio avançado de regeneração.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
8.2 Predator
Galbiati, et al. (2009) realizara estudo do efeito da defaunação na predação de sementes de palmeiras na Mata Atlântica. Os resultados mostraram que as sementes da espécie foram as mais predadas entre todas outras, por serem de menor porte.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
3.4.2 Sub-national/national trade
De acordo com Valente (2009) as folhas da espécie são exploradas para a confecção de coroas fúnebres em floriculturas no sul e sudeste do Brasil, fato que contribui para a redução das populações naturais (Reitz, 1974 apud Valente, 2009). A autora ainda afirma que a demanda de mercado por este produto é alta, entretanto, não existe produção comercial e desta forma sua exploração tem sido exclusivamente dependente do extrativismo. A partir de entrevistas com os extratores, Valente (2009) constatou que há pelo menos 15 anos o extrativismo contínuo do recurso é praticado na comunidade, que se intensificou com a abertura da estrada que liga Rasgadinho ao centro urbano de Guaruva, Santa Catarina. A autora entrevistou 5 extratores que afirmam retirar em média 1220 folhas por dia. Valente (2009) continua afirmando que durante o período de estudo, foi observado um aumento na demanda pelo recurso. No primeiro ano eram cortadas 70 a 80 mil palhas por semana para cada intermediária. A partir do segundo ano da pesquisa, esse número aumentou para 20 mil folhas por dia, 100 mil folhas por semana e consequentemente 400 mil folhas por mês. Esse número é uma estimativa para 20 extratores, somente na comunidade de Rasgadinho. Segundo os extratores, as áreas pouco antropizadas de onde são retiradas as palhas levam cerca de 2 a 4 meses para se regenerarem e poderem sofrer outro corte.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
3.3.2 Sub-national/national trade
Valente (2009) afirma que G. gamiova está entre os cinco produtos florestais não-madeiráveis mais extraídos e comercializados na Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, litoral do Paraná. Segundo Balzon (2006) a espécie é a segunda mais explorada pelas famílias extrativistas da APA. Segundo Valente (2009), até 2002, a palha era utilizada principalmente na cobertura de casas. Atualmente, o extrativismo de palha gera um aporte significativo de renda para as famílias de extratores na comunidade de Rasgadinho na região rural do município de Guaratuba.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
3.5.2 Sub-national/national trade
De acordo com Valente (2009), quando havia a dependência da comunidade deste recurso para sua subsistência, certamente havia uma outra relação de importância com a escassez do mesmo. Já com a mudança de paradigma que tornou a palha não mais um recurso de uso doméstico, mas agora uma matéria prima vendável e de alto valor para o nível socioeconômico da comunidade, ao invés de esta preocupação aumentar e a comunidade passar a valorizar mais ainda este produto, a não regulamentação da atividade faz com que a comunidade não se identifique como uma sociedade extrativista.

Ações de conservação (5):

Ação Situação
5.3 Sustainable use
Valente (2009) propõem o uso sustentável da espécie e através de seu trabalho a autora disponibiliza subsídios para que essa prática seja implementada.
Ação Situação
4.4 Protected areas on going
O Parque Estadual Carlos Botelho, área de estudo de Neves (2009), possui uma área de 37.794 ha que, em sua maioria, está representada por florestas não perturbadas ou com perturbações pouco significativas.
Ação Situação
1.2.1.3 Sub-national level on going
A espécie foi considerada "Criticamente em perigo" (CR) ameaçada na Lista vermelha da flora do Rio Grande do Sul (CONSEMA-RS, 2002).
Ação Situação
5.7 Ex situ conservation actions on going
Silva; Parelló (2010) compilaram informações sobre 15 espécies ameaçadas do Rio Grande do Sul, com o intuito de iniciar atividades de conservação ex situ através do cultivo em áreas públicas e privadas.
Ação Situação
5.4 Recovery management on going
De acordo com Cappelatti (2009), a espécie aparenta estar em processo de crescimento populacional na área em fragmento de floresta ombrófila densa do município de Três Cachoeiras. Por esta razão é importante a preservação deste fragmento.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
Confecção de ferramentas e utensílios
​As folhas da espécie são utilizadas para cobrir ranchos e casas rústicas na área rural e também são procuradas para o uso em floriculturas, geralmente para a confecção de coroas (Lorenzi et al., 1996).